Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

JOÃO BATISTA DO LAGO – poema

SEMINAL

 

Que o homem abandone sua solidão eterna,

que reconheça ser de tudo a finitude…

Que saiba em si a natureza e a essência de Deus

como imanência do espírito da natureza do ser.

 

Olha-te, apenas e tão-só, como atributo

único da divindade que te espelha:

nenhuma outra caverna é tão profunda quanto a tua,

Cristo de São João da Cruz, Salvador Dali, 1951

daí a necessária virtude da sombra que te vê profundo.

Vês, toda amargura que te envolve plena

é substância de toda eternidade do ser

vibrando no teu corpo seminal e

 

profundamente solidário do teu devir

em ato contínuo da potência que te ama

na sagrada anarquia do teu calvário único.