Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

Renato Meneses, poeta

RENATO Lourenço MENESES: A poesia a vagar no silêncio das luas

 

Cartografias invisíves: saberes e sentires de Caxias (2015), Renato Meneses

 

Renato Meneses fez o primário no Gonçalves Dias; o ginásio no Caxiense, Diocesano e Colégio São José. O 2º grau, em Recife. Em seguida, ingressou na Universidade de Fortaleza, no curso de Sociologia. Foi quando se casou com Káthia Costa Gonçalves Meneses, tendo que voltar para Caxias. Começou, então, a trabalhar no Banco do Estado do Maranhão e fez o curso de Licenciatura Plena em História pela UEMA e anos depois o Bacharelado em Direito, na Faculdade do Vae do Itapecuru. Com Káthia, Renato tem três filhos: Renata, Pablo e Ruan; e cinco netos: Guilherme, Geovana, Vítor Gabriel, Grasiele e Analu.

Mas, além de filhos e poemas, Renato fez muitas outras coisas. É membro do Instituo Histórico e Geográfico de Caxias e Membro Fundador da Academia Caxiense de Letras, cadeira nº. 17, patroneada por Celso Antônio Silveira de Meneses. Foi Secretário Municipal de Cultura, museólogo da prefeitura através de concurso, e exerceu, no passado como no presente, assessoria especial de gabinete. Foi um dos precursores no Maranhão do movimento Reforma Agrária do Ar, que objetivava a criação de rádios comunitárias. Nesta militância, criou a rádio comunitária Cultura FM. Fundou a Livraria Graúna, que posteriormente passou a pertencer a Luís Faustino e Joseane Maia. Foi um dos idealizadores do Memorial da Balaiada, da Semana Gonçalves Dias, da Revista Cultural O Balaio, do Salão do Livro de Caxias, do podcast Pá! Pô! Papo de Poeta e da revista online Gato Preto Cultural.

Publicou, de poesia, Neófitos da Terra, em parceria com Wybson Carvalho, Naldson Carvalho e Ribamar Cardoso; Caderninho de Inutensílios; Beco Brasil; e Versos de Amor, em parceria com Fábio Kerouac e Jorge Bastiani.  Em seu trabalho museográfico, publicou Documentos de Caxias: 250 anos de sua história, uma coletânea de documentos, em Parceria com Bethania Costa. Como presidente da ACL, foi idealizador do projeto ACL: 10 Anos, um CD com poemas de acadêmicos musicados por vários músicos como Isaac Gonçalves, Naum Esteves, Jorge Bastiani, Carloman Rocha e Chagas Júnior. Dirigiu a coletânea de biografias Caxienses Ilustres: elementos biográficos – tomo II (2012) e foi um dos organizadores da obra de referência Cartografias invisíves: saberes e sentires de Caxias (2015).

Renato é um poeta e um cronista, mas é acima de tudo um gozador.

 

Poemas

de

Renato Meneses

 

 

Tep-Hot e lonkeine 

 

o belo índio canela tep-hot

disse-me ser filho do sol

ser apaixonado pela linda índia ionkeine

filha da lua.

mas tempê chefe da tribo

filho da terra

espera eclipse para uni-los.

o noivo dança em volta da fogueira

clama por papame tempo chegar

e subir em cupulho de algodão

para viver seu amor nas nuvens.

 

 

Ninguendades

 

penso nos homens só de pele e ossos

no instante da mesa devorando de nós

os sobejos.

nas mulheres de vento e olhares

tristes

metáforas de parir adventos de gentes:

paisagens de párias na solidão das ruas

a vagar no silêncio das luas.

são desvalidos da mesma matriz

equivalente

engenhos da exploração equidistante

dínamos da dor e da ilusão presente

mas quando tudo isso germinar

consciência

da favela inteira um ritmo de resistência

descerá com todo gás uma quimera

com olho grande vibrante de tandera.

 

 

Poema para ainda segunda-feira

  

lua gorda além

o mar bramia sensual

e amantes num vaivém.

 

 

Brisa, perfume, namorados

  

a brisa sacode asas

o perfume viaja no ar

lírios aos namorados

 

 

Poetas não morrem de teimosos que são 

 

rasa a cova em que caibo

não tenho onde cair morto

trago sete vidas de gato.

 

desesperadamente na república de platão

viciou-se o bardo de anarquia

não há castigo de sísifo que o suste.

 

de vida dissoluta, com desígnio

de náufrago e tal

o poeta por todos os poros é verbo amar

desejo ardente, paixão desvairada

e tesão afiada.

 

 

 

Estrada com Ciprestes e Estrela (detalhe) – Vincent van Gogh, 1890.