Blues Eyes in Children
[Ali Pereira de Jesus]
Admito que, quando me olho no espelho,
Enxergo aquela criança que um dia fui
E que um dia ainda será.
Admito que muitos segredos tive que guardar…
Mas esse segredo,
Não guardei dela
Guardei de mim.
Porque a minha criança interna
Sempre refletiu em minhas telas.
E se eu olhasse nos seus olhos,
E enxergasse aquela esperança
Que refletia a cor azul dos mares,
Não poderia olhar com mais vergonha.
Pois eu negligenciei tudo o que ela mais sonha.
A verdade é que aqueles olhos azuis,
Que representam esperança,
Tinham mais facilidade de dizer que amam.
Era simples.
Era sincero.
E um dia,
Eu ainda te espero.
Eu te contemplo,
Minha criança interior,
Mesmo hoje sendo apenas um senhor.
Porque não importa o tempo,
Você ainda sonha
E, por coisas bobas, se apaixona.
Uma parte do meu cérebro vai morrer.
E a outra parte, eu deixo para você.
Apenas me diga:
Pra onde iremos agora?
Pois eu sei que sua fé
Sempre, sempre se renova.
Eu me pergunto:
Onde está a criança interior das pessoas?
Será que abandonaram a mão dela
No meio da estrada,
Pra que ela morra de fome,
Em meio ao nada?
Ou são crianças que nunca cresceram
E a esperança nelas
Já morreu?

*
ALI PEREIRA é poeta e multiescritor. Suas obras abordam temas que vão da morte ao existencialismo, passando por críticas sociais, amor, loucura e renascimento. Com estilo visceral e provocativo, escreve como quem sangra, deixando cicatrizes em quem lê. Não segue gêneros fixos nem mesmices, cada verso é um fragmento de uma história.
Instagram: @ali.poetica
Você pode ter perdido
ANNA LIZ – palavras domam escuros
RENATO Lourenço MENESES: A poesia a vagar no silêncio das luas
5 poemas de CARLOS VINHORT