FUNDAÇÃO
deixe estar!
o que não existe
o poeta funda
renova, reestrutura
recolhe das mãos
do silêncio
inaugura
repõe a falta
do ser
retira da sepultura
revira
refaz
revê
a sagrada reconstrução
até acontecer

deixe ser!
o que não está
o poeta inaugura
com a voz da palavra
perfura
a terra fértil
até chegar
ao que procura
incrementa um novo
saber
apascenta
a antiga ira
das débeis criaturas
revela a cura
reencontra a energia
das fervuras
a egrégora do magma
terremotos que abalam
a fundação das estruturas
palavra após palavra
sonho após sonho
loucura após loucura
*

Rogério Rocha é poeta e filósofo, autor de A linguagem da ausência (Zaratustra, 2023)

 
                                               
                                               
                                               
                                               
                                               
                 
                   
                   
                   
                  
Você pode ter perdido
Altemar Lima: A poesia pinta paisagens e deseja o mar
LUÍS HENRIQUE, POEMAS
ANNA LIZ – palavras domam escuros