Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

Apolo e Dafne - 1622-1625 - Gian Lorenzo Bernini

JESUÍNA AUGUSTA SERRA – Soneto

*[Contribuição de] Dino Cavalcante

 

Poema de JESUÍNA AUGUSTA SERRA, extraído do livro PARNASO MARANHENSE – Coleção de Poesias. São Luís: Tipografia Progresso, de Belarmino Matos, 1861.

 

 

SONETO

 

De estatura ordinária e corpo cheio, 

A tez pouco morena e descorada, 

Testa nada redonda, antes quadrada, 

Nariz muito comum, porém não feio; 

 

Os olhos a volver, mas com receio, 

A boca regular, mas engraçada, 

A voz, se bem que meiga, já cansada 

De suplicar com vão o amor alheio; 

 

Dos homens, em geral, pouco gostando 

E capaz por um só de dar a vida, 

Contente os grilhões seus, louca beijando: 

 

Eis Josina, que a sorte fementida, 

Neste mundo cruel, feio e nefando, 

lançou, para querer, sem ser querida!

 

 

 

 

*Dino Cavalcante é professor, pesquisador do Curso de Letras/UFMA; Coordenador do Grupo GELMA.