PAULO RODRIGUES ENTREVISTA O POETA ANTONIO AÍLTON
- Paulo Rodrigues – Poeta Antonio Aílton, você é um estudioso da poesia. Como você avalia a poesia brasileira contemporânea?
Antonio Aílton – Olá, Paulo, e cada leitor, leitora, que a poesia e a literatura tocam.
A poesia nunca esteve tão bem.
Há alguns anos se falava numa espécie de retração, de “crise”. O professor e poeta Marcos Siscar, da Unicamp, havia até escrito um livro, “Poesia e crise”. E situa essa crise dentro de um discurso da crise que acompanha a poesia há muito tempo, inclusive para dizerem que “não existem mais poetas como antigamente” (o que, obviamente, é verdade, no sentido de que cada tempo tem uma repetição, mas tem uma “ranhura”, uma diferença do outro). O fato é que a poesia tem que se situar exatamente no meio da crise, porque, se não, ela deixará de ser crítica, cairá no conforto. Pois bem, em crise a literatura vem caindo desde o século XIX, na medida em que continuamente adentramos numa sociedade da imagem e do espetáculo, que não combinam com a literatura, no sentido da cultura posta, plastificada. Mas, para espanto dos pessimistas, a literatura se utiliza bem de todos os meios, a poesia talvez mais ainda, porque é um “vazar” do espírito, um “fluir da alma”, pelas frestas dos papéis, pelas brechas tecnológicas, pelas brechas até dos pastiches, como há muitos por aí, mas a alta poesia, a de qualidade, consciente, inventiva, e que move existência e permanência, acha seu lugar e acontece também.
Sobre isso, há muitas coisas relevantes, mas gostaria de comentar pelo menos duas. A primeira é que, a rigor, talvez não possamos tratar de uma “poesia contemporânea”, mas das “poesias contemporâneas”. Inclusive quase-poesias, não-poesias, post-poesias, relatos-poesias, escritos vitalísticos tocantes, simulacros, pastiches fora dos parâmetros de bom e ruim (porque o tempo não terá mais condições de dizer se são bons ou ruins), novos lirismos e “escrituras poéticas”, enfim, algo que se faz exatamente dentro do que é híbrido e heterogêneo. A segunda observação é que essas novas experiências se deslocam em várias direções, sociais, vozes, editoras (alternativas, mais acessíveis) e suportes de publicação. O marco é, sem dúvida, a presença das vozes femininas cada vez maior, ainda não em igualdade com as masculinas, porém com força explosiva, acho que esse equilíbrio é iminente, fora as reivindicações mais expressas e mais vigorosas, como a da literatura preta, a gay etc. Veja só, isso não nasce hoje, mas o momento tornou mais claro e oportuno, pelas próprias políticas sociais. Desloca-se, portanto, da ideia de uma da exaltação da linguagem, do “belo” estético, e até de uma ideia de “inutilidade da poesia” justamente em favor da utilização desta em termos de questões coletivas, da reinvindicação e das pautas emergentes etc. Esse papo de inutilidade é um discurso, ou, pelo menos, parece tornar-se uma afirmação de fundo mais teórico que prático.
Porém uma coisa não anula a outra, e ninguém deve ser barrado, democracia é isso, é tolerância e respeito. Ainda penso, contudo, que quem sabe fazer a coisa se dará melhor. Que cada um busque o seu melhor, deixar a poesia maturar, sem pressa ou afobação. A poesia não está subordinada à pressa das redes sociais e das “curtições”. O poeta Celso Borges dizia que “a posição da poesia é oposição”, inclusive disso tudo que está posto aí.

- Paulo Rodrigues – Quais são as poéticas de referência na poesia contemporânea do Maranhão?
Antonio Aílton – Talvez seja mais fácil pensarmos nessas “referências” em termos de direcionamento e preocupação dessa poesia, e em termos geográficos, mas isso também está interconectado. Penso que o grande destaque hoje é a força de união, de projetos e construção do pessoal, que podemos considerar já o coletivo Vale do Pindaré, com uma poesia reconhecidamente socialmente forte e arrebatadora, dos quais penso que você (Paulo Rodrigues) e Luiza são os maiores representantes. Mesmo já morando em Teresina, mas Luiza está junto com vocês, estão aí arrebatando prêmios e mais prêmios para o Maranhão. Mas aí está também o fenômeno Evilásio Júnior, a Ana Liz, o Carlos Vinhort, entre outros. O trabalho de vocês hoje se assemelha muito ao papel incomensurável do nosso querido poeta Carvalho Júnior, que foi um agregador dessa poesia contemporânea do Maranhão para a cidade de Caxias, lá mesmo um centro de referência, com Wybson Carvalho, Isaac Sousa, Renato Menezes. Claro, todos com suas individualidades, mas queria chamar a atenção para as poéticas da terra, aí advindas, de uma restauração da natureza comunitária e “originária”, do pertencimento ligados às questões existenciais e sociais. Há algumas poéticas já consolidadas, no sentido urbano-social-existencial, uma turma cujo centro irradiador ou agregador (porque os poetas estão em trânsito!) não deixará de ser São Luís, a eterna cidade de poetas que transitam entre o casario colonial e as conexões contemporâneas. Poderia citar, certamente, bem mais de 50 nomes, todos bons, numa lista muito arriscada, porque ainda deixaria gente boa de fora, mas vou ficar com pelo menos alguns: Bioque Mesito, Fernando Abreu, Eduardo Júlio, Felix Alberto, Alex Brasil, Adriana Gama, César William, Lindevania Martins (que é, por enquanto, mais da prosa que da poesia; disparada nossa melhor contista), Tânia Rego, Hagamenon de Jesus, Claúdio Terças, Daniel Blume, Neurivan Sousa, Natan Campos, César Borralho, Rafael Oliveira… Essa poesia já não é mais aquela de Nauro Machado, José Chagas ou Ferreira Gullar, é um sopro novo, dos bairros, condomínios, regiões metropolitanas, do planeta; vozes feministas, inclusive. Há a representatividade de uma poesia mais intimista, memorial e minimalista, com a primorosa Laura Amélia Damous (São Luís), à qual se junta a escritura do haicai, ou nele inspirada, com Silvana Menezes (Caxias/São Luís), Benedita Azevedo (Itapecuru/Rio de Janeiro) e Lúcia Santos (São Luís/São Paulo). E não poderia deixar de citar os nossos “diaspóricos” extraordinários, como é, principalmente, o caso de Salgado Maranhão, que é o nosso Prêmio Jabuti, com uma poética sem dúvida arrebatadora, unindo a força do dizer ao alumbramento do dizer, e bastante influenciadora da escrita de poesia por aqui; o Viriato Gaspar, um senhor de poética inigualável, representante do grupo Antroponautas, que, de Brasília, se liga umbilicalmente ao Maranhão; o Luís Augusto Cassas, que vive em São Paulo, além de mais novos, como Dyl Pires (Eldimir), Ricardo Leão, Josoaldo Rego, os irmãos Samarone e Samuel Marinho… Enfim, são poéticas e espaços que se sobrepõem, convergindo e divergindo, de temporalidades também que se tocam. E despontam novos nomes: Rogério Rocha, Júlio César, com personalidade forte e poesia inventiva, Gabriela Lages, Pedro Neto, Débora Reis… Hoje precisaríamos de um estudo mais sério e mais com/vivencial dessas poéticas, inclusive conhecendo aqueles lugares não citados, mas representativos, como é o caso de Imperatriz, o sul e o leste do Maranhão. Para dar conta disso de forma mais real e aprofundada, só com projetos sérios, com recursos suficientes inclusive para uma “etnografia poética”, digamos assim, com real interesse, sem paixões pessoais. Por enquanto, parto de algumas leituras e a partir dos materiais que tenho.
- Paulo Rodrigues – O que é ser poeta?
 Antonio Aílton – Ezra Pound, provavelmente pensando no poeta que ele mesmo era, disse: “as antenas da raça”, meio que unindo o ser poeta ao ser profeta, que capta os movimentos do tempo e os antecipa. Manuel de Barros disse: “o poeta um ente que lambe as palavras e depois se alucina”, revelando esse poder encantatório, quase alucinógeno, porque o poeta é aquele que volta à palavra para realimentar sua veia, que se entrega a elas, mas de modo que possa “transver o mundo”,  ou seja, ver o mundo de forma diferente, suas camadas e espessuras, mas sem sair da vida que é ofertada, em suas minimalidades, seus tropeços ou sua sublimidade, atravessando-o, vivendo seus cruzamentos e encruzilhadas. Isto pode se aproximar do discurso do louco ou da criança, que vê pela primeira vez o mundo. O poeta precisa ter esse olhar capaz de ver a própria alucinação, mas também os entraves do mundo, as inocências, porém ele não é um alienado, é uma forma de denunciar a violência contra a alma e contra o ser, de forma independente. O poeta se dá mal às vezes, porque ele é esse portador da palavra acesa, que queima línguas e ouvidos. Precisa ser independente, de igreja, de política, dos próprios grupos, da própria mãe, se necessário. Nesse sentido, é um ser condenado, conforme expôs Nauro Machado. Claro que ele também pode estar nos salões, cheirar e tomar whisky. Em suma, não há uma essência definitiva do poeta, o que precisa haver é uma autenticidade, no reconhecimento de sua condição, com consciência e ultrapassamento do imediato. Transgredir, sim e sempre, mas não achar que acabou de inventar a roda, que este é único mundo possível. Há um legado ao qual o poeta se liga, e esse legado é o da coragem de ser quem é, de iluminar a beleza e remover o desespero. O poeta é um ser que se constitui entre a palavra e o silêncio, transgressor de si mesmo e do mundo por meio das palavras que descobriu, e que tem a opção de guardar para si ou de compartilhar. Como um Hermes, ele é um mediador de reentrâncias e mistérios, o que não pode ser dito de outro modo, senão dentro desse enigma deslizante da palavra, de modo precário: “O poeta é um ser desamparado/ mas dispensa a minha ajuda e a tua/ Quer ele seja ríspido ou calado/ uma alegria estranha lhe excetua/ Desamparado e manco por seu fado/ não pelo bolso ou palidez da lua/ mas porque, ao alimentar o dado,/ uma outra voz faminta continua” (Camiseta de Atlas). Ele já não separa seu corpo histórico de sua persona, construída também como palavra re/veladora de mundos. Assim, lança seus lampejos sobre as coisas, ou é por elas iluminado: os rumores, os gestos, as penugens, tocaias e escutas. A vida, enfim, que se manifesta de modo único. Num sentido mais particular, em minha poética, o poeta tem sido um ser em trânsito, que, em caminhos precários e com linguagem tortuosa, dá voz aos vislumbres possíveis, às memórias mínimas, aos rebaixados, extraindo do mundo o seu “apesar de tudo”. Isso talvez apareça mais nitidamente em Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis e Cerzir. Já em A camiseta de Atlas, tudo se torna ainda mais claro: “o poeta é este – ou um trabalhador como eu/ que não desiste de cantar/ com o mundo nas costas”.
Antonio Aílton – Ezra Pound, provavelmente pensando no poeta que ele mesmo era, disse: “as antenas da raça”, meio que unindo o ser poeta ao ser profeta, que capta os movimentos do tempo e os antecipa. Manuel de Barros disse: “o poeta um ente que lambe as palavras e depois se alucina”, revelando esse poder encantatório, quase alucinógeno, porque o poeta é aquele que volta à palavra para realimentar sua veia, que se entrega a elas, mas de modo que possa “transver o mundo”,  ou seja, ver o mundo de forma diferente, suas camadas e espessuras, mas sem sair da vida que é ofertada, em suas minimalidades, seus tropeços ou sua sublimidade, atravessando-o, vivendo seus cruzamentos e encruzilhadas. Isto pode se aproximar do discurso do louco ou da criança, que vê pela primeira vez o mundo. O poeta precisa ter esse olhar capaz de ver a própria alucinação, mas também os entraves do mundo, as inocências, porém ele não é um alienado, é uma forma de denunciar a violência contra a alma e contra o ser, de forma independente. O poeta se dá mal às vezes, porque ele é esse portador da palavra acesa, que queima línguas e ouvidos. Precisa ser independente, de igreja, de política, dos próprios grupos, da própria mãe, se necessário. Nesse sentido, é um ser condenado, conforme expôs Nauro Machado. Claro que ele também pode estar nos salões, cheirar e tomar whisky. Em suma, não há uma essência definitiva do poeta, o que precisa haver é uma autenticidade, no reconhecimento de sua condição, com consciência e ultrapassamento do imediato. Transgredir, sim e sempre, mas não achar que acabou de inventar a roda, que este é único mundo possível. Há um legado ao qual o poeta se liga, e esse legado é o da coragem de ser quem é, de iluminar a beleza e remover o desespero. O poeta é um ser que se constitui entre a palavra e o silêncio, transgressor de si mesmo e do mundo por meio das palavras que descobriu, e que tem a opção de guardar para si ou de compartilhar. Como um Hermes, ele é um mediador de reentrâncias e mistérios, o que não pode ser dito de outro modo, senão dentro desse enigma deslizante da palavra, de modo precário: “O poeta é um ser desamparado/ mas dispensa a minha ajuda e a tua/ Quer ele seja ríspido ou calado/ uma alegria estranha lhe excetua/ Desamparado e manco por seu fado/ não pelo bolso ou palidez da lua/ mas porque, ao alimentar o dado,/ uma outra voz faminta continua” (Camiseta de Atlas). Ele já não separa seu corpo histórico de sua persona, construída também como palavra re/veladora de mundos. Assim, lança seus lampejos sobre as coisas, ou é por elas iluminado: os rumores, os gestos, as penugens, tocaias e escutas. A vida, enfim, que se manifesta de modo único. Num sentido mais particular, em minha poética, o poeta tem sido um ser em trânsito, que, em caminhos precários e com linguagem tortuosa, dá voz aos vislumbres possíveis, às memórias mínimas, aos rebaixados, extraindo do mundo o seu “apesar de tudo”. Isso talvez apareça mais nitidamente em Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis e Cerzir. Já em A camiseta de Atlas, tudo se torna ainda mais claro: “o poeta é este – ou um trabalhador como eu/ que não desiste de cantar/ com o mundo nas costas”.
Em síntese, o poeta múltiplo, é uma sala de espelhos.
- Paulo Rodrigues – O poeta Antonio Cicero afirmava: “O desejo é constitutivo da vida humana. Só a morte faz com que ele passe”. Quais são os desejos do poeta Antonio Aílton?
Antonio Aílton – Desejo muita coisa. Meus olhos são tão curtos, não consigo vislumbrar todos. Os desejos também mudam com o passar do tempo. Hoje eu ficaria com o desejo de escrever tranquilamente, com condições razoáveis para isso, com dignidade, o que está cada vez mais difícil para um poeta-professor/professor-poeta. Sinto obras-primas perdidas no Alzheimer das necessidades comezinhas (risos). Quem sabe eu possa, entre as frestas, recuperar uma ou outra. O fato é que não sou homem de abandonar as responsabilidades diuturnas. Socialmente, penso que não há maior desejo do que a justiça, a igualdade e o fim da violência. Que não morramos de infelicidade e nos digladiando, nossa sociedade está brutal, dividida e violenta.

- Paulo Rodrigues – Sobre o livro Cerzir, o jornalista Daniel Zanella afirmou: “um livro sobre a presença resoluta do tempo”. Como você trabalha a questão do tempo na sua poética?
Antonio Aílton – “[…] O caos nos estende/ seu velho tapete esfarrapado/ é preciso que ainda hoje costuremos mais um pedaço/ desta nossa/ rap/ só/ dia”, escrevi esse vislumbre em certa prosa poética no Cerzir. E ainda: “a linha do tempo sonha a máquina do tempo/ para a colagem impossível de uma desconjunção/ […] a partilha do tempo é ainda mais injusta/ que a partilha da economia”. Utilizei este mote no Compulsão agridoce, noutro rumo, lembrando os cancioneiros nordestinos: “o tempo que sobre e desce/ carrega o homem no meio”; “o tempo não é o que segue/ junto com a gente afobada/ mas é o que, contra a gente/ anda de trás para a frente/ com a perna sempre arrastada”. Pois bem, além dessas menções claras, tenho abraçado a ideia do tempo em dois sentidos. Primeiro como ideia das temporalidades dispersas que carregamos, e em que cada uma mergulha de maneira mais íntima. A minha, como coloquei principalmente no Cerzir, está mais para uma costura de presentes, memórias, inadequações, frangalhos. Isto tem a ver, penso também, com um espaço representado do já-não-lugar. Onde fica a minha casa? Onde ficam os terreiros vendidos e perdidos? Estou hoje, estarei? Há algum tempo, tinha certo acanhamento em falar que sou um homem nascido no século XX, mas hoje sou muito feliz por isso, porque vivi a longa história no corpo dos meus pais, dos meus avós, da literatura de cordel, do interior, de comunidades sertanejas que guardaram tudo aquilo, e hoje vivo o urbano, o celular, a tecnologia. Então minha experiência é um tesouro, minha experiência está enlarguecida, e conheço vários tempos, vários corpos, várias temporalidades. Os campos semânticos, lexicais, imaginários se ampliam. Isto é espaço, mas é tempo também. Não sou uniforme, sou um ser desencaixado, desengonçado, e isso é maravilhoso! Esta é também uma temporalidade, uma experiência íntima, intransferível. Minha poesia está entre esses mundos, contém esses tempos, essas mediações.
A outra questão do tempo, é a da linguagem, que precisa estabelecer um elo com o tempo presente. Isso, lá pelos anos 1990, era uma pauta de discussão de alguns poetas, de um grupo que participávamos. O Hagamenon de Jesus batia muito nessa tecla, tanto que o primeiro livro dele retrata bem isso, The Problem e/ou os poemas da transição. Nos perguntávamos que corpo metafórico poderia se comunicar com as pessoas do presente. Fazíamos aquilo que Gullar também fez, só que ele se perguntava se a linguagem erudita era capaz de chegar ao povo, aliás, já sabendo que é difícil chegar, e escreveu cordéis, nessa tentativa, de comunicar. Nós não. A questão era mais para sabermos com que tipo de corpo imagético e metafórico representaria, concretizaria esse “contemporâneo” de maneira significativa, porém de modo a potencializar a poesia, e não o pitoresco. Houve alguns excessos, mas isso nos tornou mais maduros e conscientes, também. Então essa ideia das temporalidades que se insurgem dentro do tempo presente, do dizer o/ao presente, com certeza é outra preocupação sobre a questão do tempo (e da linguagem) em minha poética, mas esse germe reconheço que foi coletivo, e nasceu nas discussões do grupo Curare, entre copos e encontros poético-afetivos.
 
- Paulo Rodrigues – Aílton, comente um pouco sobre o livro A Camiseta de Atlas.
Antonio Aílton – Esse livro é o grito implodido do trabalhador, dos encargos diários, do sufoco, das obrigações, do peso que o poeta carrega e ainda assim, sente a necessidade de ser poeta, de levantar a cabeça e dizer “não”, de ofertar sua palavra livre. Claro que ele tem outras coisas, mas no geral é esse contraste de peso e leveza, porque nós carregamos o acúmulo dos dias, “os molambos que tombam sobre meus ombros”, como disse lá.
O Camiseta de Atlas foi escrito na saída da pandemia. Eu estava atolado em obrigações professorais, na sobrevivência diuturna, escrevendo um texto acadêmico, mas algo aconteceu, a inquietação poética, e eu praticamente largava o que estava fazendo e o escrevia entre uma instância e outra. Interessante que costumo dar título aos livros depois de considerá-los mais ou menos acabados, mas não foi este o caso. Pensei no título bem cedo, a caminho da escola, por uma rua de subida, no Maiobão, onde também ia um grupo de trabalhadores, e pensei: somos todos Atlas, carregando o mundo nas costas, mas com os bolsos esvaziados, esses homens rebaixados. No entanto, eles iam rindo na conversa, naquela molecagem. A gente tem que aprender a viver. Pensei nessa ideia de que o trabalhador veste camiseta, a camiseta suada, a camiseta de Atlas. Éramos, ali, uma atualização do mito grego, e eu sabia que tinha achado o título do que estava se formando. Eu já tinha o norte do livro.
Por sorte, a FAPEMA (Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão) abriu um edital de publicação de obras literárias, em 2022, o Edital Graça Aranha. Veja que isso é algo literalmente extraordinário, porque a FAPEMA só abria editais para livros resultantes de pesquisas, teses e dissertações, projetos etc. Mas isso realmente foi uma iluminação deles, de alguém lá, em parceria com a Academia Maranhense de Letras. Dava a chance também de pessoas ligados a instituições literárias publicarem, como é o meu caso, que sou da [Academia] Ludovicense. Então tudo confluiu, e Atlas recebeu o apoio financeiro de que precisava para publicar.
Talvez tenha sido um dos meus livros mais bem recebidos. O Bioque Mesito disse que eu faço, nesse livro, uma volta ao Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis, com aquela linguagem mais social, mas muito humanizada, mundanamente humanizada. Há aquele tom irônico, de quem pode rir do mundo e de si mesmo, e essa consciência da opressão, das vozes sufocadas, de todo aquele que carrega os pesos. Mas é amplo. E tem, em alguns momentos, aquele tom mais carregado da pandemia, em poemas como O Casulo. Mas ali tem muita coisa. Poemas de que me orgulho muito ter feito são, por exemplo, Poema para as unhas da quebradeira de castanhas; 20 cofres vazios para carregadores indispostos, Nariz de hilux, Elegia… E há outros, que as pessoas chegam e dizem, “ah, gostei tanto do poema tal…”, por exemplo, de O servente, de Cirrosas e até de um poema chamado Utensílios, que achei que ninguém iria enxergar. Poesia tem isso, é um comunicado inesperado e insuspeito às mais variadas almas. Eu me orgulho muito de ter escrito A camiseta de Atlas, e sou muito grato à FAPEMA, que me fez publicar. Obrigado por me perguntar por ele.
- Paulo Rodrigues – Como funciona o processo criativo do poeta Antonio Aílton?
Antonio Aílton – Não tenho um método rígido, nem uma disciplina. Percebo que há momento mais propícios à criação, e mesmo momentos do ano. Apesar de meus últimos livros serem meio solares, penso que as temporadas do inverno me mobilizam mais, fico mais sensível, talvez tocado por um “estado de infância”. Outra coisa que devo dizer é que não sou profícuo, não escrevo copiosamente. Pode ver que meus livros têm tempos longos entre eles, às vezes por dúvida mesmo, de se devo voltar a publicar, principalmente voltar a publicar poesia, mas acaba acontecendo, porque o poeta apenas está sufocado por dentro. É a falta de tempo para dedicação, pois você sabe que a poesia não nos sustenta materialmente; é a pergunta de se devo gastar madeira com o que escrevi (livro, para mim, ainda é impresso), é a pergunta de se vai fazer diferença ou apenas mais uma coisa que se escreve para enfastiar e “encher papel”, como sinto muita coisa que tem sido publicada, quero que valha a pena…

Mas essa pergunta é uma oportunidade para explicar um dado também, nesse processo. Eu penso muito na linguagem e na forma, em meus poemas, e em geral não quero que um livro pareça continuidade do outro, quero mesmo que, na medida do que me é possível, sejam completamente diferentes. Já me acusaram de “não ter um ‘estilo’”, por conta disso. Também já fui acusado (principalmente n’A camiseta de Atlas) de não dar uma “unidade” ao livro, que dizer, fazer tudo poemas estreitinhos, ou poemas larguinhos, ou a mesma dicção de cabo a rabo etc. Isso agrada as pessoas, e mesmo a editoras, que precisam se deter no acerto comercial, mas para mim, agrada a quem quer ver a coisa regular, a quem gosta, quem precisa, ou que em tudo querem ver simetria – e isso também é normal, óbvio! Porém, gosto da assimetria, gosto de ser diverso. Os intelectuais vivem dizendo que o contemporâneo é diverso, é heterogêneo, é híbrido, falam do respeito à diferença, mas não conseguem ver que estou buscando fazer é isso, é “desenfastiar”, é tentar mostrar faces diversas, inclusive das formas possíveis e sensíveis do dizer. Um crítico chegou a falar de “compêndio de variedades” sobre minha poesia, que depois chama de bela, mas ele quis chamar a atenção para isso como ponto negativo. Não, não é falta de consciência poética, já que mesmo não tendo escrito o bastante, já li muitos grandes poetas. Sinceramente, a “unidadezinha”, o “perfeitinho” no sentido do “mesmo”, como há muitos autores que se autorrepetem porque um livro ou um poema fez sucesso, não faz parte da minha concepção criativa. Sou meio que dado aos recomeços, e isso pode ter consequências, mas terei que pagar o preço.
- Paulo Rodrigues – Antonio Aílton, você e Ricardo Nonato organizaram a antologia Clarão de Muitos que está circulando na universidade. A academia precisa trabalhar os autores contemporâneos?
Antonio Aílton – Tradicionalmente, Paulo, sabemos que a universidade sempre preferiu trabalhar com o passado, porque seu alvo é o cânone, são os “clássicos”, são autores que já têm um reconhecimento público consolidado, para poder se valorizar em cima do próprio “objeto de estudo”, digamos assim. Na afirmação do senso douto de que se trata de um “objeto [de estudo] digno”. Isso não é colocado de maneira clara, mas faz parte do discurso, principalmente do discurso da tradição acadêmica. No entanto, vamos lembrar que a universidade institucionalizou a própria transgressão, por exemplo, vanguardas e modernismo, concretismo… No Brasil, isso aconteceu com universidades de ponta, como USP, Campinas, UnB, UFRJ, UFMG, que é uma referência hoje nos estudos decoloniais, abraçando e traduzindo círculos intelectuais da América Latina. Leminski e Chacal, Ana Cristina César e tantos outros considerados “marginais” passaram a ser estudados em grandes universidades, aliás, houve um momento em que virou moda. Então, o próprio discurso universitário os canonizou, institucionalizou, porque ele tem esse poder também, daí passando aos livros didáticos, por exemplo. Isso não foi um caso só do Brasil, aconteceu também com a arte urbana, com os beatniks, com Bukowski, e já havia acontecido na França. Então essa foi uma abertura, uma porta de entrada para convidar esse autor contemporâneo que tem algo a dizer.
A universidade não pode mais se prender a um discurso canônico, já que ela também é detentora de um discurso crítico, de uma crítica literária acadêmica, que pode discutir a poesia, a literatura contemporânea, pode inclusive “institucionalizar”, já que seu ato de linguagem é performativo, porém deve ter responsabilidade. Por exemplo, não se deixar ser levada pelas mídias e curtições de redes sociais, mas pela leitura responsável. Então sim, ela precisa fazer essa conexão para isolar-se, para discutir este tempo, e não apenas o passado. Claro que ninguém vai jogar Cervantes, Shakespeare, Drummond, João Cabral, nem Gonçalves Dias fora, mas é preciso dinamizar o próprio entendimento, o próprio conhecimento, e isso se dá com bate-papos, conversas, palestras, presença do autor! O autor maduro e consciente, convidado para uma sala de aula, para um projeto, contribui com a abertura do conhecimento acadêmico para novas possibilidades e propostas, novas interações, em saber que literatura, a poesia está viva e pulsante.
Há um movimento maravilhoso e reparador, sobretudo em relação aos autores africanos de língua portuguesa, mas é preciso valorizar e discutir o que é local, também, com suas potencialidades, e não deixar para quando o cara morrer, quando a onda passar, ou sei lá o quê, abafar os já periféricos e excluídos. É preciso lembrar que já somos periféricos, anônimos mesmo com várias publicações, às vezes até com premiações nacionais importantes. Porque não estamos nos grandes centros de divulgação, edição e distribuição, não teremos o privilégio da badalação, para que a universidade (Letras, Humanas etc.) venha a dar importância. Veja só, recentemente uma professora do curso de Física me contatou para fazermos uma exposição de autores e autoras contemporâneas num encontro de professores de Física, em São Luís, e fizemos, eu e o Bioque Mesito, que preparou os cartazes, foi lindo! Vocês de Santa Inês também gentilmente vieram, recitaram… Veja aí o inesperado, esse é o caminho! Então, o sujeito está aí, agora, com algo a dizer sobre sua própria arte, sobre sua relação com o entorno, com o mundo e com a sociedade. A poeta, a poesia, não pode ser tida como algo que não tem nada a dizer sobre o real e a imaginação criadora que permeia e lastreia a realidade, ela é a hiperconexão.

Por outro lado, há grupos fazendo isso. Há grupos com a preocupação primordial de dialogar com o (discurso) outro, com a comunidade dos poetas, ativistas, fazedores de cultura. O projeto Clarão, que foi uma série de entrevistas feitas via Instagram, fez parte dessa proposta, no período pandêmico, e juntamos poemas de todos os onze entrevistados (eu inclusive, como poeta também desse cenário, o Ricardo mediando) para essa antologia, que se chamou Clarão de Muitos. E agora gerou uma nova proposta, de encontros da poesia e da literatura contemporânea, na UFMA/Campus de Bacabal, com a coordenação do Prof. Ricardo Nonato, que é o Maranhão em Cena, cuja primeira edição já ocorreu, e haverá outra ainda mais ampliada. Também já está no gatilho a próxima edição do Clarão/2025. Ricardo Nonato, que é professor naquele Campus, e eu, com um vínculo temporário com a UEMA, mas participando do projeto mais como o poeta que sou, mais integrado ao território do Maranhão, aos grupos etc., fazendo essa ponte com a comunidade de poetas e escritores/as. Tem sido uma parceria extremamente produtiva e uma experiência enriquecedora, a gente tem posto a roda para a andar e tenho certeza de que estamos inspirando outros espaços institucionais a fazerem o mesmo.
- Paulo Rodrigues – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
Antonio Aílton – Entre suas leituras, de todos os grandes poetas do passado e do presente mais recente, marque um encontro com o livro de um autor, de uma autora contemporânea, tente mergulhar no seu mundo, descobrir qual é o tom de voz dele, dela. Converse um pouco. Talvez seja alguém que esteja chegando aos poucos, talvez seja alguém que já está na estrada, com roupas quase gastas, mas que você acabou de conhecer. Pergunte sobre suas imagens e suas formas, suas metáforas, participe de sua imaginação criadora, dos seus modos de ver e vislumbrar as coisas, a existência, o ser do mundo. Deixe-se tocar, porque no fundo serão seus olhos que iluminarão outra alma, outra língua, um novo corpo da palavra, e acenderão os lampejos. Talvez isso traga uma felicidade íntima, e espero que haja uma grande descoberta para você. Espero você, leitora, leitor, nesses bancos que a vida constrói e, inusitadamente, compartilha. Construamos um novo olhar, um novo querer.

POEMAS DE ANTONIO AÍLTON*
Hayao Miyazaki
Grande é o mundo, nós o dominaremos
com a pequenina flor salpicada de crianças
e vendavais
um bastão, uma velhinha, um carrinho quebrado
que sobrou da última guerra
Mas o espírito é como uma fagulha, um vento singelo
que sopra ainda tenro dos pés de limão
de onde nasce a primavera e as gargalhadas da infância
Lá vêm elas,
as pequeninas correndo pelos campos
espalhando novas sementes nos balancinhos
novas lentes para cegueira
desentranhando a catarata do meu olho
Agora vejo o que parece Totoro, quase no meio
da chuva
o mundo é vasto quando estamos dentro
nós o dominamos ao nascermos sempre
e de novo
entre suas viagens e paisagens
pântanos e bolinhas de fuligem
até completarmos o ciclo de volta
para nossa mãe,
a casa
Preparação
os homens estão limpando as canaletas
caiando o meio-fio dos dois lados
da rua
ainda não é novembro, mês em que também
se limpam os cemitérios e deixam as tumbas
brancas para visitas
é agosto, 02 de novembro é o dia de finados
15 de novembro é o dia da república
adiantado para outubro
agora os homens se alegram e limpam
as canaletas e os meios-fios
por onde descem os esgotos
que sepultavam as ervas das calçadas
desde há muito nossos avós limpam os cemitérios
para que os defuntos possam respirar e receber flores
em novembro
há dias em que se deve estar limpo
e colocar roupa de festa, um vestido de cor
é como se ressuscitássemos para colocar brilho nos olhos
antes de nos casarmos com a morte.
Nariz de hilux
A maior arte da política é o cinismo
travestido de pós-humano
Os que são pobres por natureza não precisam dividir seus bens
ou porque não os têm
ou porque nunca os tiveram
Mas não é preciso ter bens para dividi-los, quando se quer
O cínico ri dos outros, que para ele
ou são cães
ou são crédulos
A maior arma do cínico é o nariz
É incrível, seu nariz permanece sempre para cima
como se tudo mais estivesse ao seu dispor, abaixo dele
Poema para as unhas da quebradeira de castanhas
As quebradeiras de castanha do mercado livre
são alicates com garras brilhantes
Mas há a coisa, os metais duros
e há o humano
O humano se utiliza das coisas
Humanos sem brilho, de olhar cabisbaixo
não pertencem ao mercado livre
As meninas não pertencem ao mercado livre
não serão compradas
As meninas quebradeiras de castanha não têm alicate, têm unhas
rasgando o leite ácido sobre a pele
Suas pretas unhas são um fato
que não se transcende nem se transfigura
com meras promessas de um poema sorri/dente
O poema não pode negar a tisna sob as unhas corroídas
na quebradeira de castanhas
O poema não pode embelezar certos fatos, sob pena
de ser cego, cruel ou fútil. O poema não pode se dar ao luxo
de fingir a dor real
e conduzir como a um rebanho satisfeito
todas as almas à festa
sem perceber que alguém carrega sombras
nos escuros dedos das mãos
Há ali a velha dor abafada e sem luvas
do subjugo humano
que a menina gostaria de arrancar do seu corpo
ou de impregná-las com o vermelho-brilhante
da existência – mas não pode
Cretino destino
Poderia dizer liricamente que suas unhas são belas
– mas não são
Eu só posso dizer que a vida é devir
Que o poema que lhes dedico é aquele que há de vir
Embora parcamente dedicado apenas às suas unhas
não aos seus corpos
não às suas almas
E há coisas que são apenas berros, não poemas
Um poema não nasce do dia para a noite
Um poema cresce como digital
até que exploda, fogo brilhando em carmim
Elegia
Dez por cento
de inveja e mágoa
(bem abaixo do mercado
de formas afetivas)
Dez por cento
de rancor e vingança
(bem abaixo do mercado da superação)
Dez por cento de reciprocidade
da disputa
por formas linguageiras, territórios
(pouco abaixo do mercado de coca
e do tráfico de animais)
Dez por cento de roubo de água
da vida líquida do poço alheio
Dez por cento
daquela reescritura de ferro-velho
(bem abaixo
do ainda usual mercado de ready-made)
Dez por cento
de artefatos armados
(bem abaixo das pragmáticas
dos eufemismos políticos)
Dez por cento de fatos
eventualmente transfigurados
pelo pathos
Dez por cento de crença real
nas formas afetivas do gênero humano
Dez por cento de memória esvaída
e rumorejo de sentimentos
que perfazem no íntimo
o litígio do tempo
Todo o resto, essa pele morta
varrida para baixo
do silêncio
a ser disputada pelos vermes
enquanto se brinda, olho a olho
a soma dos produtos
eternos
que circulam entre os imortais
[Rapsódia]
Do texto ainda ralo desta manhã [porque cada texto se faz do gozo
anterior esporos ou pele morta [porque a cama é o paraíso do dia seguinte [ou o juízo final
[porque o reclinar da cabeça é a medida do possível [porque não é preciso ter amor para ter orgasmo [porque os textos se tecem de assombros e facas
laminando os excessos do gozo]
nasce um outro texto sobre o mundo.
Escova, texto, camisa, texto, espelhos, texto, mesa: semiose familiar. Teus seios dormidos: texto, a lembrança de tua peçonha: texto, a lembrança agridoce de tua carapinha: texto texto texto.
O dia
segue seu rastro arrítmico de leituras e maranhas, mensagens e entrelinhas. O caos nos estende
seu velho tapete esfarrapado
é preciso que ainda hoje costuremos mais um pedaço desta nossa
rap
só
di
a.
O desencantamento da arte, post
Agora
pra fazer poesia
basta o artifício
e um título bacana
O resto
é cair em campo
e postar sua fama
*Poema Hayao Miyazaki e [Rapsódia]: Cerzir, 2018; poemas Nariz de hilux, Poema para as unhas da quebradeira de castanhas, Elegia e O desencantamento da arte, post: A camiseta de Atlas, 2023; poema Preparação: Sacada Literária, 2024, inédito em livro.

Minibio:
Antonio Aílton (1968) é poeta, professor, crítico literário. Doutor em Teoria da literatura (UFPE). Publicou: A camiseta de Atlas (EDUFMA/FAPEMA, 2023), Ménage – Antologia trilíngue de poesia (Helvetia, 2020, em parceria com o poeta Sebastião Ribeiro); Cerzir – livro dos 50 (Poesia, Editora Penalux, 2019); Martelo & Flor: Horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea (EDUFMA, 2018); Compulsão agridoce (Poesia, Paco Editorial, 2015); Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis (Prêmio Cidade do Recife. Fundação de Cultura do Recife, poesia, 2008); Humanologia do Eterno Empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano de Nauro Machado (FUNC, Prêmio Cidade São Luis, ensaio 2003) e As habitações do Minotauro (FUNC, Prêmio cidade de São Luís, poesia, 2001). É atuante no panorama cultural da cidade de São Luís do Maranhão, membro da Academia Ludovicense de Letras e editor do portal Sacada Literária.
e-mail: ailtonpoiesis@gmail.com
*

*Paulo Rodrigues, entrevistador, é poeta, com diversos livros publicados e premiações.

 
                                               
                                               
                                               
                                               
                                               
                 
                 
                 
                 
                   
                   
                   
                  
Muito bom!!!♥️
Poeta Antonio Aílton, você é um dos grandes poetas da literatura contemporânea brasileira. A entrevista ficou maravilhosa. Parabéns, poeta!
Grato a você, poeta Paulo Rodrigues, por instigar a discussão e as palavras latejantes!
Muito oportuno, sempre, refletir e falar de poesia. T falar poesia. Saudações curitibanas meu caro Ailton.
Uau! Amei a entrevista! Caminhei entre sintonias e descobertas. Revigorantes as palavras desse grande poeta e estudioso, nosso Ailton!
Excelente entrevista!
Gostei demais. Era para ser publicada em livro sobre o contexto da poética contemporânea. Valeu, Aílton e Paulo!
Precisávamos de um olhar como este, não somente no fim do ano, mas em qualquer tempo. Longa, mas sem ser cansativa e/ou exaustiva. Conhecedor do que é o processo de escrever e ser o contemporâneo, Antonio Aílton brilha, mais uma vez. Paulo com suas pedras adorna o poeta a pensar de forma pragmática. Li e reli para melhor absorver as lições deste poeta que para mim é um dos mais importantes da nossa poética contemporânea.