Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

Poetas Paulo Rodriguies, Antonio Aílton e Ricardo Nonato com alunas e alunos do Curso de Letras UFMA/Bacabal

“CLARÃO DE MUITOS” – Livro cartonero celebra a Poesia Maranhense Contemporânea

O Clarão de Muitos nasceu de uma maravilhosa gama de ramificações. Isto é, nasceu, em parte, do projeto de extensão Experiências Criativas (@exp.criativas), coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Nonato (UFMA), no Centro de Ciências de Bacabal. Dentre deste projeto, foi criado o CLARÃO, uma série de bate-papos ao vivo no Instagram que conectou o público com escritores contemporâneos maranhenses.

Essas conversas ao vivo no Instagram, que se estenderam ao longo de 2022 até maio de 2023, eram conduzidas por Washington Júnior, na época aluno do Curso de Letras da UFMA, e mediada pelos professores doutores Antonio Aílton (UEMA) e Ricardo Nonato (UFMA). Esses bate-papos proporcionaram um espaço muito especial, em que pudemos conhecer onze autores maranhenses, que generosamente compartilharam suas visões, inspirações e processos poéticos.

A partir disso é que nasceu o Clarão de muitos, um livro cartonero que reúne poemas de 10 poetas maranhenses contemporâneos: Adriana Gama de Araújo, Celso Borges, Luiza Cantanhêde, Bioque Mesito, Sônia Almeida Neurivan Sousa, Tânia Rêgo, Paulo Rodrigues, Laura Amélia Damous e Antonio Aílton.

Um livro que começou a ser editado ainda em 2023, mas cujo trabalho foi terminado em 2024, com a linda colaboração de alunos do Curso de Letras. Sobre a feitura do livro, o professor Ricardo Nonato, um entusiasta dos trabalhos manuais de edição artesanal, ressalta:

Prof. Ricardo Nonato apresentando o livro Clarão de Muitos para os participantes do VII CONIL – Congresso Internacional de Letras – UFMA/Bacabal

“Assim, o livro é pensado como parte de um fazer manual, tangenciado pelo desejo de criar, de ser parte de um processo. Essa é a idéia central move essa proposta. Um livro sem fins lucrativos, ou seja, fora da máquina editorial e produzido de forma mais sustentável a partir da experiência do fazer coletivo e um projeto editorial pautado no reaproveitamento parcial do papelão que constitui a sua capa”.

Não por acaso, o título abarca, nesta perspectiva coletiva, uma idéia lançada pelo belo título do prefácio de Antonio Aílton – “Clarão de muitos” – na apresentação do livro: não apenas pelas vozes de diversos autores presentes pela seleta de poemas, o leitor está diante de um feito coletivo, uma experiência afetuosa que tem no centro a construção de um livro, o primeiro de outros que virão.

Diz Antonio Aílton, no Prefácio:

“O Clarão nasceu, pois, desse desejo inicial de trazer esses poetas à cena da discussão e da leitura, de possibilitar interdiálogos, tanto dos autores entre si, já que os “entrevistadores” também participam do campo da criação poética, quanto dos alunos de graduação, professores e a comunidade de modo geral, também presentes nesses encontros, oportunizando uma conexão ímpar do que, no mais das vezes, se constituem como grupos separados, esgarçados, voltados cada um para o seu fazer autotélico, como se, no fundo, não fôssemos uma grande comunidade, com tarefas complementares.

Mas o Clarão foi além, porque tal “conexão” não se deu apenas no nível intelectual ou de reciprocidade, mas também no nível afetivo. E, em se tratando de lidar com as dimensões emotivas que a poesia nos traz, isso é previsivelmente inevitável. Estamos falando de parcerias e amizades, de relações dimensionadas pelo “estado poético”, relacional e dialogal que se instalou em cada encontro, conduzidos da conversa comum às reentrâncias da experiência sensível, pessoal e coletiva da criação poética, da consciência do fazer e da escrita, das angústias e dificuldades que permeiam este caminho, dos projetos editoriais, da leitura ou da ausência dela, da situação de precariedade educacional do país…”

 

Estudantes participantes do projeto Experiências Criativas editando o livro cartonero Clarão de Muitos, a partir de papelão costurado, montagem e pintura manual da capa.

Outra questão importante que deve ser pontuada sobre o livro, foi o cuidado com a seleção das vozes que estariam presentes, com uma amostra de suas poéticas. Ao contrário das diversas antologias que circulam, houve uma preocupação com o equilíbrio entre autores e autoras, algo sempre colocado em questão na seleção e que julgamos ser necessário.

Aproveito o espaço para deixar aqui nossos agradecimentos àqueles que dedicaram suas tardes para cortar papelão, sujar as mãos de tinta e contribuir com a realização deste livro.

Prof. Ricardo Nonato com alunas e aluno do Projeto Experiências Criativas – Curso de Letras UFMA/Bacabal, que produziram o livro cartonero.

Uma vez pronto, este nosso livro foi finalmente lançado no último dia 11 de julho, durante o Congresso Internacional de Letras (CONIL) no Centro de Ciências de Bacabal (CCBa), em uma tarde de lançamentos que reuniu alguns escritores brasileiros.

As produções contidas no Clarão de muitos são um reflexo da rica cultura e literatura maranhense. E foi, aliás, com esse olhar, que decidimos lançar este livro cartonero, como explica Antonio Aílton em seu mágico prefácio, o intuito é dar visibilidade à literatura maranhense contemporânea que, infelizmente, ainda é pouco conhecida por seus próprios conterrâneos.

Em suma, nosso Clarão de Muitos quer levar a literatura maranhense a todos, especialmente àqueles que estão à margem.

 

 

 

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Ricardo Nonato

Antonio Aílton

Caliane Portelada