Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

Rogério Rocha - Divulgação

ROGÉRIO ROCHA – A linguagem da ausência

Sexta-feira, 1 de dezembro de 2023, na livraria da AMEI, no São Luís Shopping, a partir das 19h30, teremos o lançamento de A linguagem da ausência, meu novo livro de poemas.

Você é meu convidado especial.

O novo livro marca um ponto de virada na poesia do autor, exercitando múltiplas formas de dizer aquilo que está ausente, mas que mantém-se no mundo e na memória por intermédio da linguagem.

Traz também uma série de novidades e experiências criativas no campo gráfico e da produção editorial do livro.

Todos os detalhes serão trazidos à tona no dia e durante o evento de lançamento. Ocasião em que ao público será revelada a capa do livro, mantida em sigilo até aqui em face da proposta conceitual da nova obra.

 

 

CANTO VII

 

Touros castrados saíram às praças:

sobre estilhaços de garrafas

patas pesadas batendo cascos

na vadiagem das ruas caras.

 

Jovens nerds faziam das suas

com as meninas seminuas

nos bares da madrugada.

 

Alguém bebeu licores

amargos e adocicados.

Tudo, enfim, justo e perfeito

desde quando iniciado.

 

Houve febre durante o dia

sol a pino, pandemia.

Houve fome leonina

bem no meio da festança.

 

Ouvi sons em players e fones

radiolas em corpos de cedro

botões de marfim polidos

num regular tetraedro.

 

Erasmo, Presley, Lennon,

Abba, Queen y otros sonidos.

 

Joguei dominó de ossos brancos

com os velhos do meu bairro

no canto da rua João Ribeiro.

 

No Sábado pela manhã

percorri muitas trilhas

com vitrines por onde via

jogos, luzes, maravilhas.

 

Era cedo pra sair

mas dentro de mim

já era tarde.

 

Ia longe em passos duros

olhos desnudos, ouvidos plenos

com amigos de passos pequenos

na ilha dos grandes vícios.

 

Era outra a minha cidade

era eu só um menino.

Filho de mãe protetora:

duas mães pelo destino.

 

Sedento por vida, por vagas

forjado em “vozes veladas”:

ser poeta… nem pensava.

 

[poema do livro inédito Cantos noturnos para ilhas devastadas: poemas para contar]

 

CANTO VIII

 

De novo o touro a sangrar:

nas ruas parece ir à lona.

Talvez Sevilla, talvez Pamplona,

Talvez a ilha em seu descaminho.

 

Parece província

parece a Galícia

bailando nas ondas.

 

A ilha que veio do nunca

de pouco em pouco afunda

afunda

afun…

…da…

 

[poema do livro inédito Cantos noturnos para ilhas devastadas: poemas para contar]