Bailado
o mar que separa eu e minhas
dores cotidianas
não posso carregar em eco
bags
encantados da ilha de fogo
giram na festa afro cibernética
caboclas de Oxóssi lançam flechas
no bailado da Capela
chorei por não olhar visagem passar
[06.22, Jericoacoara]
Transatlântica
toada equatorial arrupiou
mimetismo
donde vinham
mar é caminho
corpo é embarcação
transatlântica
nas marés do mundo
tambor é rito coração
[Upaon Açu, 03/24]
Filo
do verbo sumir
feito caranguejo no mangue
dor desejo soterrados pela lama
filosofia kafkaniana
grita
no silêncio moribundo
de alcântara.
[Upaon Açu, 08/24]
Aguaceiro
a água da chuva que escorre no mangue
é a mesma que enche as lagoas dos Lençóis Maranhenses
o rio de cobre das águas que me cobrem
não consta nos dados dos telemóveis
a ave de rapina nordestina
cantada nas toadas de pedreiras
tem a poesia plumária
que dança na cabeça dos caboclos de pena
compor carcarás para um mundo surdo
amar o Maranhão acima de tudo
*
Joana Golin é produtora cultural e empreendedora criativa na sua produtora “A Casa da Mãe Joana Produções”. Graduada e mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão com pesquisa voltada para a cultura popular e a cadeia da produção da arte independente, é poeta, pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudos: Música, Trabalho e Sociedade/UFMA, compositora e Dj. Na área da produção cultural atua em diversas linguagens como a produção de eventos na área da poesia e da música autoral desde 2011. Iniciou seus trabalhos com produção no coletivo independente Odeon Sabor & Arte, na cidade de São Luis do Maranhão. Atualmente trabalha com produções de artistas maranhenses em São Luís e em outras cidades do Brasil como Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo e Chapecó. Com a sua produtora cultural, A Casa da Mãe Joana, localizada no Centro Histórico de São Luís, produz o “Sarau Poético A Casa da Mãe Joana” há 10 anos, suplementos literários, grupos, eventos diversos, músicos, musicistas, compositores e compositoras maranhenses – como Helton Borges e Manivas.
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