CORRIDA
No avanço do tempo corre a vida, mas nesse tempo há pedras espalhadas,
pedras agudas, carnes esfarrapadas, sangue jorrando
de cada ferida.
O tempo açoita a vida noite e dia e ele chora, tropeça, levanta e continua.
Só a esperança anima a travessia; e a alma corre, descabelada e nua.
E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio, de ver o belo existente no caminho;
não perder na corrida é o seu anseio;
sua atenção conserva em desalinho.
No embrião da vida, no tempo, avanço.
Subidas e descidas tantas conheço:
e na vertigem do correr me canso.
Procuro, em vão, meu horizonte do começo.
(Pedra-vida/1979)
Dagmar Destêrro é uma poeta que caiu no esquecimento. Fico muito feliz em vê-la em posição de destaque. Deveríamos ver com mais cuidado a obra desta poeta que tem uma poesia de fôlego e criatividade.