Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva
O pedagogo Paulo Freire compreendia o ensinar e o aprender como dimensões do processo educativo que podem ser pensados como práticas de liberdade. Alargando essa concepção, Bell Hooks (2017) considera o ensinar como uma forma de transgressão, um modo de ensinar que parte da compreensão de que “qualquer um pode aprender”, algo também refletido por Rancière (2020), em o Mestre ignorante e suas lições sobre a emancipação intelectual.
Apropriamo-nos dessas duas perspectivas para reconhece a criação poética como uma prática emancipatória, por entendermos que ela também é um direito. Sendo assim, nossa proposta consiste na reflexão sobre a criação como prática de liberdade, atentando para os mecanismos/ estratégias que podem dinamizar o que Cecília Almeida Salles (2011) denominou como sendo uma “estética do processo”, não mais restrito ao trabalho do escritor, mas com um público de leitores de obras literárias e objetos artísticos diversos. Deste modo, a experiência da criação poética perde a sua aura, agora ancorada no entendimento de que qualquer um pode criar.
Assim, as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão EXPERIÊNCIAS CRIATIVAS tem como objetivo central oportunizar experiências significativas para os que se adentrarem num universo desconhecido de exploração da linguagem poética para o desenvolvimento de potencialidades artísticas e intelectuais a partir da leitura literária como “espaço de vivências”, parte de uma relação intencional, pois “só há vivências na medida em que se vivencia ou se tem em mente alguma coisa nelas” (GADAMER, 2011, p 11) e assim adquirir o sentido da experiência. Nesse sentido, não apenas a continuidade do projeto tem como perspectiva manutenção da ação como a ampliação das atividades desenvolvidas, sobretudo na educação básica, com propostas direcionadas para esse público em especial, a partir de oficinas, minicursos e contínuo processo de criação poética. Não por acaso, busca-se nos poemas, o sentido do que seria uma palavra organizada, um sistema capaz de fixar experiências de coisas, pessoas ou situações subjetivas e a sua prática de escrita o ponto central deste projeto encontra no fanzine um suporte que segue o mesmo fluxo de possibilidades pela sua própria materialidade. Sendo uma publicação independente de baixo custo, geralmente produzida de maneira artesanal, sem regras rígidas por um só autor, autora ou pequeno grupo de pessoas mostra-se como excelente ferramenta para a prática criativa dos participantes (MAGALHÃES, 2011), um modo particular de “partilha do sensível”.
*Professor do Curso de Letras/UFMA-Campus Bacabal
A iniciativa do projeto de extensão “EXPERIÊNCIA POÉTICA: A criação como prática de liberdade” é mais do que louvável, é uma ode à educação emancipatória e à criatividade como um direito fundamental. O ensino como uma forma de transgressão e a criação poética como uma prática emancipatória é uma proposta prática que nos faz refletir sobre a criação como uma prática de liberdade e a “estética do processo” é inspiradora. A noção de que qualquer um pode criar é um conceito poderoso que amplia os horizontes da expressão artística e intelectual.
Proporcionar oportunidades significativas para que as pessoas explorem a linguagem poética e desenvolvam suas potencialidades artísticas e intelectuais é um investimento valioso no crescimento humano.
Professor Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva, parabéns por este projeto inspirador e pela sua dedicação à educação e à promoção da criatividade. Suas palavras são um tributo à liberdade intelectual e à expressão artística.