Sacada Literária

Cultura, crítica e divulgação

Fonte: Frame Youtube

PALOMITAS, cine cult – indicações de filmes [sessão 12.05.2024]

por Bioque Mesito

 

                 De volta, após um momento de perda, PALOMITAS destaca o filme Retrato de uma jovem em chamas, que oferece uma visão delicada e perspicaz sobre amor, liberdade e identidade no contexto da França do século XVIII. No centro da trama estão Marianne e Héloïse, duas mulheres cujos destinos se entrelaçam de forma poética e transformadora. O Apartamento discute temas como confiança, trauma e redenção de forma envolvente e comovente, através do casal Emad e Rana, que se vê confrontado com uma série de desafios após serem obrigados a deixar o apartamento onde viviam devido ao risco de desabamento. O Reino da Beleza é uma intrincada teia de romance, paixão e traição, tecida com maestria para envolver o espectador em uma jornada emocional intensa. Desde o momento em que Luc Sauvageau, um respeitado arquiteto, conhece Lindsay durante um colóquio em Toronto, somos imersos em um turbilhão de sentimentos. Incêndios, dirigido por Denis Villeneuve, é uma película que nos leva por uma jornada emocionalmente intensa e profundamente humana. O Perfume Verde é uma tentativa ambiciosa de mesclar suspense e comédia em uma trama investigativa que se passa nos palcos parisienses. Dirigido por Nicolas Pariser, o filme apresenta uma premissa intrigante: um ator é envenenado durante uma apresentação teatral, levando a polícia a suspeitar de Martin, colega de elenco e amigo da vítima.

 

 

REINOS DE BELEZA

 

INCÊNDIOS

Título original: Incendies

Direção: Denis Villeneuve

Gênero: Drama

País/Ano: Canadá/França, 2010

 

Memórias no caminho

 

Incêndios, dirigido por Denis Villeneuve, é uma que nos leva por uma jornada emocionalmente intensa e profundamente humana. No centro da trama estão Jeanne e Simon, interpretados de forma magnífica por Mélissa Désormeaux-Poulin e Marwan Maxim, respectivamente, dois irmãos gêmeos que se veem mergulhados em um mistério sobre o passado de sua mãe, Nawal Marwan, brilhantemente interpretada por Lubna Azabal.

O filme começa com a morte da mãe dos gêmeos e revela uma série de instruções póstumas surpreendentes, desencadeando uma jornada de descoberta de segredos familiares profundos e perturbadores. A trama habilmente tecida nos leva da tranquila atmosfera do Canadá até os tumultuados cenários do Oriente Médio, especialmente a Palestina, onde os irmãos buscam desvendar os enigmas do passado de sua mãe.

Incêndios é uma saga familiar envolvente que se desenrola em torno dos irmãos gêmeos Jeanne e Simon, que embarcam em uma jornada para desvendar os segredos do passado de sua mãe, Nawal Marwan, após sua morte. O filme mergulha nas profundezas da complexa história da família, revelando camadas de mistério e tragédia ao longo do caminho.

Ao seguir as instruções deixadas por Nawal em seu testamento, os irmãos descobrem que têm um irmão desconhecido e que seu pai, que eles acreditavam estar morto, ainda está vivo. A revelação dessas verdades obscuras desencadeia uma busca desesperada por respostas, levando Jeanne e Simon da relativa calma do Canadá até os conflitos e tumultos da Palestina.

A trama é habilmente tecida, alternando entre o presente e o passado, revelando aos poucos os eventos que moldaram a vida de Nawal e sua jornada pessoal de dor, sacrifício e redenção. A história se desenrola como um quebra-cabeça emocional, com cada peça revelando uma nova faceta da verdadeira natureza dos personagens e dos eventos que os cercam.

Ao longo de sua jornada, Jeanne e Simon enfrentam desafios emocionais e físicos, confrontando não apenas os segredos sombrios de sua família, mas também a brutalidade da guerra e da injustiça. Suas descobertas os forçam a confrontar suas próprias identidades e a reconciliar o passado com o presente.

A trama de Incêndios é uma montanha-russa emocional, repleta de reviravoltas inesperadas e momentos de grande impacto emocional. É uma história sobre amor, perda, redenção e, em última análise, sobre a resiliência do espírito humano diante das adversidades mais terríveis. O filme foi amplamente reconhecido pela crítica, conquistando inúmeros prêmios e indicações em festivais de cinema em todo o mundo. Desde prêmios de melhor filme estrangeiro até honras por direção, roteiro e atuação.

Por meio de uma narrativa complexa e poderosa, o filme nos leva a uma jornada profundamente pessoal e reflexiva, explorando temas universais de família, memória e identidade. É uma obra-prima do cinema que deixa uma impressão duradoura na mente e no coração do espectador.

 

 

 

 

 

O REINO DA BELEZA

Título original: Le règne de la beauté

Direção: Denys Arcand

Gênero: Drama

País/Ano: Canadá, 2014

 

Uma reflexão profunda sobre os desdobramentos do amor

 

O Reino da Beleza é um filme que se desenvolve nas complexidades do amor e das relações humanas de forma delicada e crítica, apresentando uma trama envolvente que nos leva a questionar as escolhas e os desejos de seus personagens centrais. A história gira em torno de Luc Sauvageau, um arquiteto casado que, durante um colóquio em Toronto, conhece Lindsay, uma mulher intrigante que desperta nele sentimentos até então desconhecidos. Interpretados brilhantemente por Éric Bruneau e Melanie Merkosky, respectivamente, Luc e Lindsay protagonizam um relacionamento apaixonado e tortuoso, onde a linha entre o certo e o errado se torna cada vez mais tênue.

O Reino da Beleza é uma intrincada teia de romance, paixão e traição, tecida com maestria para envolver o espectador em uma jornada emocional intensa. Desde o momento em que Luc Sauvageau, um respeitado arquiteto, conhece Lindsay durante um colóquio em Toronto, somos imersos em um turbilhão de sentimentos. O magnetismo entre os dois é palpável, e conforme o relacionamento progride, testemunhamos a ascensão de uma paixão arrebatadora, capaz de desafiar convenções sociais e compromissos pré-existentes.

A trama é habilmente conduzida pelo diretor, explorando as nuances psicológicas dos personagens e as consequências de suas escolhas. A fotografia do filme, com sua paleta de cores vibrantes e composições cuidadosamente elaboradas, contribui para criar uma atmosfera envolvente que reflete as emoções dos protagonistas.

No entanto, a trama se aprofunda à medida que os personagens enfrentam os dilemas morais de seus envolvimentos. Luc, dividido entre o amor por sua esposa Stéphanie e a paixão avassaladora por Lindsay, se vê em um labirinto emocional onde as fronteiras entre o certo e o errado se tornam cada vez mais borradas.

A traição se insinua como uma sombra sobre o relacionamento de Luc e Lindsay, adicionando uma camada de tensão à narrativa. À medida que os segredos são revelados e as consequências de suas escolhas se manifestam, somos confrontados com a fragilidade dos laços humanos e a complexidade dos desejos do coração.

A trilha sonora, composta por músicas melancólicas e envolventes, complementa perfeitamente as cenas, intensificando as emoções dos espectadores e criando uma conexão ainda mais profunda com a história. O Reino da Beleza recebeu merecidamente várias premiações, incluindo reconhecimento pela atuação dos protagonistas, a direção habilidosa e o roteiro inteligente. No entanto, o verdadeiro destaque do filme reside na forma como Denys Arcand mais uma vez aborda temas universais como o amor, a traição e a busca pela felicidade, nos convidando a refletir sobre nossas próprias experiências e escolhas na vida.

 

Filme disponibilizado no YouTube, com restrições

 

 

 

O PERFUME VERDE

Título original: Le Parfum Vert

Direção: Nicolas Pariser

Gênero: Suspense/Comédia

País/Ano: França/Bélgica, 2022

 

Um suspense divertido 

 

O Perfume Verde é uma tentativa ambiciosa de mesclar suspense e comédia em uma trama investigativa que se passa nos palcos parisienses. Dirigido por Nicolas Pariser, o filme apresenta uma premissa intrigante: um ator é envenenado durante uma apresentação teatral, levando a polícia a suspeitar de Martin, colega de elenco e amigo da vítima. A partir desse ponto, somos imersos em uma narrativa cheia de reviravoltas, enquanto Martin se vê perseguido por um grupo misterioso chamado Le Parfum Vert.

O elenco entrega performances sólidas, destacando-se a interpretação de Martin como um protagonista carismático e em apuros. A presença de Claire, interpretada por Sandrine Kiberlain, uma cartunista excêntrica que oferece ajuda a Martin, adiciona uma camada de humor peculiar à história, embora em alguns momentos a mistura entre suspense e comédia pareça forçada.

A performance dos atores em O Perfume Verde é um dos pontos luminosos em meio à trama confusa e irregular. É nítido o comprometimento e a habilidade do elenco em dar vida aos personagens, mesmo diante dos desafios impostos pelo roteiro.

Vincent Lacoste, no papel de Martin, consegue transmitir a complexidade emocional de um homem que se vê envolvido em uma teia de suspeitas e perseguições. Sua interpretação equilibra habilmente o humor e a tensão, trazendo uma genuína empatia pelo protagonista, mesmo quando suas ações parecem questionáveis.

Os coadjuvantes também se destacam, cada um trazendo nuances e camadas adicionais à história. No entanto, é importante ressaltar que, apesar do talento do elenco, a confusão do roteiro muitas vezes limita o potencial das performances. Momentos de grande intensidade emocional são interrompidos por reviravoltas abruptas, tornando difícil para os atores manterem a coesão de seus arcos narrativos.

A trilha sonora do filme contribui para criar uma atmosfera de mistério e intriga, enquanto a fotografia captura a beleza e a atmosfera única de Paris. No entanto, a narrativa é prejudicada por um roteiro confuso que não consegue manter o equilíbrio entre os diferentes elementos do enredo. Os momentos de tensão são interrompidos por cenas cômicas que quebram o ritmo da história, resultando em uma experiência desigual para o espectador.

Embora O Perfume Verde apresente elementos interessantes e um elenco talentoso, a falta de coesão na execução do roteiro dificulta o envolvimento do público com a trama. No final das contas, a decisão de assistir ao filme dependerá do gosto pessoal de cada espectador e de sua disposição para lidar com uma narrativa complicada e inconsistente.

 

 

 

 

 

 

O APARTAMENTO

Título original: Forushande

Direção: Asghar Farhadi

Gênero: Drama

País/Ano: Irã, 2016

 

Mudanças extremas

O Apartamento discute temas como confiança, trauma e redenção de forma envolvente e comovente. No centro da trama, encontramos Emad e Rana, um casal que se vê confrontado com uma série de desafios após serem obrigados a deixar o apartamento onde viviam devido ao risco de desabamento. Interpretados magistralmente por Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti, respectivamente, os protagonistas carregam consigo uma complexidade emocional que cativa o espectador desde o primeiro momento.

A montagem da peça teatral A Morte do Caixeiro Viajante adiciona uma camada adicional de significado à história, fornecendo um espelho para os conflitos internos dos personagens e servindo como uma metáfora poderosa para os desafios que enfrentam em suas próprias vidas. A peça não é apenas o que os personagens principais estão encenando, mas também como um espelho para os conflitos e dilemas que enfrentam em suas próprias vidas.

E pode-se explorar os temas desta peça como a culpa, o perdão e a redenção, que ressoam profundamente na jornada emocional dos personagens de O Apartamento. À medida que a trama se desenrola, os paralelos entre a peça e a vida real se tornam cada vez mais evidentes, proporcionando uma rica camada de subtexto à narrativa.

A fotografia do filme captura a atmosfera melancólica e sombria da cidade, enquanto a trilha sonora sutil contribui para a construção de uma sensação de suspense e inquietação que permeia toda a narrativa. A trilha sonora de composta por Sattar Oraki, um renomado compositor iraniano, é uma peça essencial que contribui para a imersão do espectador na história. No entanto, é a habilidade do diretor Asghar Farhadi em criar uma tensão crescente e palpável que eleva O Apartamento a um patamar de excelência.

Cada cena é carregada de significado e subtexto, levando o espectador a uma jornada emocional intensa que culmina em um desfecho poderoso e comovente. O filme foi merecidamente reconhecido com várias premiações, incluindo o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, destacando-se não apenas pela sua narrativa envolvente, mas também pela sua habilidade em explorar questões universais de moralidade e ética.

O Apartamento é uma obra-prima do cinema contemporâneo, que combina performances brilhantes, uma direção habilidosa e uma narrativa rica em camadas para criar uma experiência cinematográfica que ressoa muito além da tela.

 

 

 

 

 

RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS

Título original: Portrait de la Jeune Fille en Feu

Direção: Céline Sciamma

Gênero: Drama/Romance

País/Ano: França, 2019

 

A beleza de uma narrativa arrebatadora

 

O filme Retrato de uma jovem em chamas é arrebatador! Oferece uma visão delicada e perspicaz sobre amor, liberdade e identidade no contexto da França do século XVIII. No centro da trama estão Marianne e Héloïse, duas mulheres cujos destinos se entrelaçam de forma poética e transformadora. Interpretadas com maestria por Noémie Merlant e Adèle Haenel, respectivamente, as personagens cativam o espectador com sua complexidade e vulnerabilidade. Marianne, uma talentosa pintora encarregada de retratar Héloïse, se vê gradualmente envolvida não apenas na arte de capturar sua imagem, mas também em desvendar os segredos e desejos que residem dentro dela.

A relação entre Marianne e Héloïse floresce em meio às paisagens deslumbrantes da costa da Bretanha, capturadas de forma deslumbrante pela cinematografia do filme. Cada cena é um quadro vivo, repleto de beleza e melancolia, que reflete as emoções turbilhantes dos personagens centrais.

A trilha sonora sutil e evocativa, composta por Jean-Baptiste de Laubier e Arthur Simonini, adiciona uma camada adicional de profundidade emocional à narrativa, intensificando as emoções dos espectadores e criando uma atmosfera de contemplação e desejo. As paisagens da Bretanha, banhadas pela luz dourada do sol poente, tornam-se um cenário poderoso para o florescimento do romance proibido entre as protagonistas, adicionando uma camada de simbolismo e beleza à história.

A direção de Céline Sciamma, em Retrato de uma jovem em chamas, imprime sua marca distintiva na narrativa e na estética do filme. Sua visão sensível e perspicaz da experiência feminina e do desejo é fundamental para a profundidade emocional e a riqueza temática que permeiam o enredo.  A maneira como ela retrata a conexão entre Marianne e Héloïse, capturando a complexidade do amor, da intimidade e da identidade de uma forma delicada e comovente, é épica.

Retrato de uma jovem em chamas recebeu merecidamente várias premiações e reconhecimentos, incluindo o prêmio de Melhor Roteiro e a Queer Palm no Festival de Cannes. O filme também foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, solidificando seu lugar como uma das obras mais impactantes e aclamadas da cinematografia contemporânea. É um testemunho da força e da beleza encontradas na conexão humana, mesmo em meio às restrições impostas pela sociedade e pelas convenções da época.

 

 

 

 

 

Bioque Mesito – foto: divulgação